Quando retirar as fraldas do bebê?

Esta pergunta inquieta muitas mães. A troca de fraldas é frequentemente considerada como algo sujo e incômodo. Algo que deveria, de preferência, ser superado ou encerrado o quanto antes.  Mas, qual seria a importância da troca de fraldas para o desenvolvimento físico e emocional de um bebê?

Na intimidade dos momentos de troca é possível criar um forte vínculo entre mãe e bebê e construir uma relação de confiança, respeito e gratidão. Assim sendo, é uma grande oportunidade para o estabelecimento de um vínculo forte e saudável, para a formação dos laços afetivos.

Portanto, não tenha pressa para retirar as fraldas do seu bebê. Quando a retirada das fraldas acontece muito cedo, antes dos 18 meses ou antes que a criança esteja de fato preparada, a exigência de controlar a vontade de ir ao banheiro, pode fazer com que a criança se sinta inadequada, suja ou incompetente. Estes sentimentos podem tornar a criança inibida, insegura ou medrosa.

Quando o treino é acompanhado de ameaças e punições, o desenvolvimento motor pode ser afetado, na medida em que a criança procurando entender e corresponder aos pedidos do adulto que ama, tensiona o seu corpo e restringe os seus movimentos na tentativa de obter o controle tão esperado.

O desenvolvimento da fala também pode ser afetado pela retirada precoce das fraldas. No segundo ano de vida a criança está justamente aprendendo a falar. Reter e expulsar são as ações necessárias tanto no desenvolvimento da fala quanto no aprendizado do controle das necessidades fisiológicas, se o processo for muito impositivo criando um ambiente muito tenso, afetará também o desenvolvimento da fala.

O desfralde, quando precoce, sem dúvida exige métodos rígidos de controle e observação. Adultos que passaram por processos muito rígidos na infância podem muitas vezes se tornar ordenados, meticulosos, obsessivos, não tolerantes a mudanças e frequentemente sem criatividade. O controle e a rigidez se tornam o seu modo de vida. Pois, estas primeiras experiências emocionais e afetivas influenciam na formação da individualidade.

Dependendo da forma como é feito o treino do uso do vaso sanitário, a criança pode vivenciar este treino como uma violência exercida contra o seu corpo. Quando o resultado positivo, o uso adequado do vaso sanitário, gera prazer compartilhado com o adulto, este é vivenciado como uma recompensa em relação à violência sofrida. Esta vivência pode levar a relações conflituosas em que há punição e recompensa, ou seja, uma violência exercida contra o outro e um alívio que traz prazer a ambos, o que se torna muitas vezes a origem das relações sadomasoquistas.

Para o sucesso da retirada das fraldas, é necessário observar a maturidade física, psíquica e o equilíbrio emocional para iniciar este processo.

Quando a criança já for capaz de ficar de cócoras, cruzar as pernas, subir e descer escadas sozinho, tirar a própria roupa e permanecer por um tempo maior com a fralda seca, ela estará mostrando que está pronto fisicamente para a retirada das fraldas. Essa prontidão física tem relação com o desenvolvimento neurológico e não acontece antes dos 18 meses.

Ele ou ela estarão maduros psiquicamente para este processo quando expressarem o desejo de fazer xixi e/ou cocô, compreenderem o que lhes é dito, demonstrarem interesse pelo uso do vaso sanitário ou pedirem para retirar as fraldas. Esse amadurecimento psíquico é mais comumente observável entre os 30 e os 42 meses (entre 2 anos e meio e os 3 anos e meio).

Se houver uma situação de insegurança emocional, isto é, ciúmes ou insegurança como por exemplo: o nascimento de um irmãozinho, mudança de casa, entrada na escola ou a distância física da mãe, é melhor adiar a retirada da fralda.

O momento ideal para a retirada das fraldas é quando a própria criança faz o pedido para que isso aconteça, pois, o processo de retirada das fraldas acontece com tranquilidade, com raros escapes ou “acidentes”. Lembrem-se, só depois que a criança retirar as fraldas de dia e se acostumar a utilizar o vaso sanitário é que as fraldas da noite devem ser retiradas.

Deixar de usar fraldas é sinal de crescimento e amadurecimento, é um processo de socialização e inclusão na cultura, é a manifestação de um desejo de ser e agir como os adultos e crianças mais velhas.

Este processo só é possível através de conscientização de processos internos, não visíveis, identificação sensitiva de tensão ou incômodo no metabolismo na região da cintura pélvica. É necessário saber onde e quando é adequado, é preciso uma coordenação complexa entre tensão e relaxamento. Planejamento, calcular o tempo necessário para chegar até o banheiro, desenvolver orientação tempo espacial e assumir responsabilidade pessoal, por suas próprias escolhas, por exemplo, interromper a brincadeira quando for necessário.

O ideal é que a criança possa participar de forma ativa do processo e não apenas ser conduzida pelo adulto para que a retirada das fraldas seja um processo de amadurecimento e ganho de autonomia verdadeiro.

Bibliografia

Adquisición del control de esfíncteres – Miriam Rasse (psicóloga da APLF)

Acceder al control de esfíncteres – Myrtha Chokler Publicado en http://www.ifra.it/idee.php?id=28 por el IFRA – Istituto per la Formazione e la Ricerca Applicata. Bologna, Italia Distribuido por Pikler-Lóczy Euskal Herriko elkartea

Claves de la educación Pikler-Lóczy – complilación de 20 artículos escritos por sus creadoras – Elena Herrán (Editora) 2018

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